Ópera

                    A ópera na Itália entre o sec.XVII e XVIII

Quando Monteverdi, em 1642, apresentou sua "Coroação de Poppea", a ópera, ainda, era uma novidade e só fazia cinco anos que os teatros em Veneza haviam sido abertos a um público pagante e o gênero da ópera estava numa crescente aceitação. O nascimento do "Teatro Público" foi um acontecimento importante, influenciando toda a produção operística dos séculos XVII e XVIII. Se, poucos anos antes, o emprego mais cobiçado era ser nomeado mestre de capela de qualquer igreja importante para escrever motetos, missas ou salmos, agora, o encargo de escrever uma ópera era uma ambição de todo compositor. O teatro musical tinha nascido sob o amparo da Corte e só exibido dentro da Corte, o que era um sinal de poder e esplendor, ao que os príncipes e os nobres acrescentavam seu prestígio. Monteverdi começou sua carreira de músico teatral, precisamente em uma corte: a dos Gonzaga, em Mantua. A abertura dos primeiros teatros públicos foi de grande importância para o desenvolvimento da ópera e, a partir deste momento, todos ou quase todos poderiam assistir as apresentações. Por um momento, os espetáculos se limitaram ao melodrama, a "la mantuana" ou a "la romana", mas, ao tornar-se público adquirira um valor diferente para os que não estavam acostumados aos movimentos das músicas e os mecanismos cênicos. A antiga Roma oferecia gratuitamente os jogos ao público, agora os senhores de Veneza ofereciam espetáculos pagos.
Nesse clima, Montiverdi entregou sua "Ariana" para a inauguração do Teatro de São Moisés, em 1639, e depois em 1641, no São Cassiano foi apresentado "O Rettorno de Ulisses". E em 1642 no teatro de São João e São Paulo, chamado, também, de Grimani, a "Coroação de Poppea". O melodrama italiano chamado "sério" adquiriu sua forma definitiva no fim do século XVII e durou, mais ou menos, até fins do século XVIII. Até meados do século XVIII, o melodrama esteve convertido numa distração sem valor. Isso se deveu ao fato de que o público exigindo, cada vez mais, um espetáculo novo, fez com que, para atender a demanda, fossem contratados libretistas que, muitas vezes, eram péssimos versificadores, chegando a um grotesco nível poético. O argumento da ópera que a princípio tinha sido pastoril e mitológico caminhava, cada vez mais, para um gênero histórico.
A "Ária" estava bem formada, e se converteu no centro de interesse geral, por mais que só apareça como um momento de tensão lírica. Ao mesmo tempo, o recitativo se transformou em um simples vínculo narrativo entre as sucessivas árias, sem nenhum interesse dramático ou musical. A ópera era quase como um recital, onde um número de cantores entrava em cena e, depois de um recitativo, cantavam suas árias. Os coros tinham desaparecidos, substituídos por certo número de personagens secundários que, também, tinham uma ária a cantar. O recitativo era acompanhado e eventualmente reforçado por instrumentos mais graves como a tiorba que, também, acompanhavam a ária e, só vez ou outra, os instrumentos de arco introduziam o tema principal em um breve prelúdio. Também, se utilizavam outros instrumentos, geralmente de sopro, para as aberturas características como cenas de batalhas e temporais. A adesão da música ao texto era quase sempre puramente casual e, com frequência, inexistente. Assim nasceria a ópera cômica.

Entre os compositores de ópera da época se destacam Giovanni Legrenzi (1626-1690) também, compositor de música instrumental, foi um dos maiores escritores de ópera da segunda metade do século XVII; Antonio Cesti (1623-1669) natural de Arezzo, passou grande parte de sua vida na Áustria (Viena). Entre suas óperas se destaca “Il pomo d'oro” (1668); Alessandro Stradella (1644-1682) escreveu seis óperas incluindo a ópera cômica "Il Trespolo tutore", numerosas cantatas e oratórios, e também 27 peças para instrumentos de cordas e baixo contínuo no formato sonata; Francesco Provenzale (1624-1704); Agostino Steffani (1654-1728) que veio a exercer forte influência sobre Haendel e, em geral, sobre quase todos os compositores alemães nascidos no fim do século XVII; Alessandro Scarlatti (1660-1725), compositor italiano de grande importância para a música lírica, foi um importante elo entre a música vocal do barroco italiano e a escola clássica do século XVIII que culminou em Haydn (1732-1809) e em Mozart (1756-1791). Seu trabalho foi fundamental para o desenvolvimento da ópera séria e da ópera cômica, considerado como "pai" da escola napolitana de ópera. Suas obras compreendem inúmeras óperas, 150 oratórios e mais de 500 cantatas, além de outras composições instrumentais; Antonio Caldara (1670-1736) óperas e música sacra; Nícola Porpora (1686-1768); Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736); Antonio Salieri (1750-1825) dentre outros, que trabalharam em grande parte fora da Itália, como França, Áustria e Alemanha. Agora o cetro da ópera séria não estava mais em mãos italianas. Fazia tempo que na França, Rameau apresentava ao público suas tragédias líricas até que na Alemanha, Gluck foi responsável pela grande renovação dramática da ópera.
Na Itália, separando-se lentamente da ópera séria, onde nasceu e viveu até conseguir uma completa autonomia, triunfa a ópera cômica, a afirmação mais esplendorosa do gênio musical italiano no século XVIII operístico.