Fuga
O termo "fuga" foi introduzido no século XIV, sem haver ainda um consenso sobre sua definição. Entre 1400 e 1700 o termo adquiriu diversos significados em diferentes contextos, sendo o contraponto imitativo o único ponto convergente entre as várias definições. "Fuga" poderia designar um gênero, estilo ou uma forma, até ser entendida como uma técnica composicional, cujo desenvolvimento formal, sofisticação técnica e poder expressivo atingiram seu auge com as fugas instrumentais de Bach.
A fuga esteve tão, intimamente, ligada à tonalidade desde a sua origem até o século XIX, que sua composição tornou-se menos frequente ao início do século XX.
A palavra fuga vem do latim "fugare" (perseguir). As variações incluem "fuguetta" (pequena fuga) e “fugato” (uma composição ou seção parecendo uma fuga sem, necessariamente, pertencer às regras de formação de uma fuga). "Fugal" é a forma adjetiva de fuga.
Na composição musical o tema é executado por uma das vozes separadamente, depois uma segunda voz entra com o mesmo tema, mas, noutra tonalidade enquanto a primeira continua desenvolvendo com um acompanhamento contrapontístico e, assim, acontecendo com todas as vozes restantes, cada qual iniciando com o mesmo tema. Estas técnicas estilistas deram origem à forma musical chamada de “cânone”. Bach elaborou, ainda mais, a técnica, explorando a fuga com uma variação sobre o tema, variando a tonalidade, o ritmo, assim como a inversão do tema, de traz para frente.
No período barroco, a fuga se tornou um estilo de composição importante e Händel a utilizou em muito de seus oratórios. Bach é considerado um dos maiores compositores de fugas e as mais famosas podem ser encontradas no “Cravo Bem Temperado”, na “Arte da Fuga” e suas fugas para órgão.
No período clássico, a fuga deixa de ser uma forma principal de composição, como peça isolada, e passa a ser mais uma parte integrante da obra musical. Podemos citar Haydn, em seus quartetos, algumas de suas sinfonias, como as nº 3, 13 e 40, e o seu oratório "A Criação”; Mozart, em sua sinfonia nº 41, a ópera "A flauta Mágica" e o “Réquiem”; e Beethoven, que a introduziu com frequência em suas obras como na “Missa Solene” e na “Nona Sinfonia”.
No período romântico, encontramos a escrita da forma fugal em alguns compositores, como Berlioz, em sua “Sinfonia Fantástica”, Wagner, em “Os Mestres Cantores”, Verdi, na ópera “Falstaff”, Mendelsshon, na “Sinfonia Italiana” dentre outros.
No século XX, muitos compositores fizeram uso da fuga, como Béla Bartók, Stravinsky em sua “Sinfonia dos Salmos”, Shostakovich, nos “24 Prelúdios e Fugas Op. 87”. Nas décadas de 1920 e 30, adeptos do neoclassicismo voltaram a se interessar pela fuga, mas, cada um a tratou de forma individual. As possibilidades da escrita fugal foram exploradas por outros compositores, como Schoenberg e Hindemith, que tentaram reinterpretar a fuga através da linguagem do século XX, no entanto, as técnicas composicionais como o serialismo total, música aleatória e minimalismo são linguagens inóspitas para a fuga.