Música Coral–Século XIX

ciaesonsQuando falamos sobre música coral oitocentista, é importante observar algumas diferenças :  as obras onde o coro é usado como parte de uma estrutura mais ampla como os numerosos e longos coros de óperas, os andamentos corais de sinfonias e até obras corais-orquestrais como de Berlioz e Liszt e aquelas em que a escrita coral é a parte principal, podendo-se dividir em três categorias:
– Partsongs – que são canções para um pequeno conjunto vocal com a melodia na voz aguda ou outras peças corais breves, geralmente, com letras profanas destinadas a serem cantadas "a capella" ou com acompanhamento de piano ou órgão;
– A música sobre textos litúrgicos ou as destinadas a serviços religiosos;
– E as obras para coro e orquestra, às vezes, com uma ou mais vozes solistas, sobre textos dramáticos, mas, que são destinadas a serem apresentadas em concertos e não para serem encenadas. E essas, ainda, podem se dividir em "Oratória" (composição longa, elaborada sobre um tema sacro) e "Cantatas", menos longas, menos dramáticas ou mesmo, sobre temas profanos.
As composições de "partsongs", na verdade, já existiam antes do século XVIII, recebendo um impulso no período romântico graças ao folclore e ao sentimento nacionalista.
Schubert, Mendelsshon, Schumann, Gounod, Liszt e praticamente quase todos compositores europeus escreveram "partsongs" e coros com acompanhamentos ou não, sobre poemas patrióticos, sentimentais etc.
Como exemplo de algumas cantatas, estão: "Erste Walpurgissnachi" de Mendelsshon, escrita em 1832 e revista em 1843; "Peri e o Paraíso" (1843) e "Cenas do Fausto” de Goethe (1844-1853) de Schumann. Destaca-se neste domínio, Brahms, cuja obra inclui muitas canções, geralmente, sem acompanhamento e outras para coro e orquestra, como a "Rapsódia", escrita para contralto solista e coro masculino (1870); também a "Schicksalslied" (Canção do Destino-1871); "Nänie" (lamentação sobre versos de Schiller-1881) para coro misto e "Gesang der Parzen" (Canção das Parcas-1883) para coro misto a seis vozes.
Música Sacra - A música litúrgica conheceu um movimento de oposição àquela escrita em estilo moderno que assimilava elementos da ópera havendo, desde o século XVIII, um movimento em prol da “restauração” do repertório litúrgico que via na polifonia de Palestrina a música ideal e retomava assim a figura do mito restaurador da sagrada polifonia, mito este difundido pelos jesuítas de Roma ainda no século XVI. Era chamado de "movimento ceciliano ou cecilianismo". A restauração definitiva da música sacra só vem acontecer no século XIX determinada pelo Motu Proprio “Tra le Sollecitudini” de Pio X (1903), que prescreveu como música oficial da Igreja o canto gregoriano e seu instrumento oficial, o órgão. Ao lado do cantochão e com o mesmo interesse era incentivada a polifonia clássica de Palestrina e tolerava-se ainda o gênero moderno, desde que este não guardasse elementos da ópera, o principal gênero artístico iluminista e, portanto reiteradamente, combatido no documento de Pio X. Um último gênero era ainda tolerado, o canto religioso popular em latim ou vernáculo, mas, seu uso era restrito às procissões.
Destacam-se na música sacra católica as compostas por Luigi Cherubini em Paris como a Missa em mi bemol (D. 950) e a Missa em Lá bemol maior (D. 678) de Franz Schubert em Viena. Já do lado protestante e anglicano, os salmos de Mendelssohn e também os hinos de Samuel Sebastian Wesley (1810-1876) organista e compositor inglês. Na Rússia, Dimitri Bortniansky (1751-1825) destaca-se como o primeiro entre os compositores que ao longo do século desenvolveram um estilo de música sacra.
Na música composta sobre textos litúrgicos, e que são esplêndidas obras religiosas, mas, inadequadas aos serviços religiosos, destacam-se "A Grande Messe des Mortis" (Requiem) e o "Te Deum" de Hector Berlioz (1803-1869). Trata-se, na verdade, de sinfonias dramáticas, não eclesiásticas e sim, profanas e patrióticas.
Gioachino Rossini (1782-1868) e Giuseppe Verdi foram os dois compositores italianos que deram importantes contribuições para a música sacra do século XIX, apesar do Stabat Mater de Rossini (1832-1841) ter sido expressamente proibido, em 1903, pelo famoso Moto Próprio do Papa Pio X, mas, seus critérios, também, excluíram do uso na igreja as missas de Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Berlioz, Liszt e Verdi.
Nos países protestantes como a Inglaterra e Alemanha foi a Oratória Romântica que floresceu. Sua grande força estava na utilização do coro e na forma estabelecida por Haendel. Era de caráter dramático, geralmente, sobre um tema bíblico ou sacro. Entre elas estão "O Juízo Final" escrita em 1826 e composta por Ludwig Spohr (1784-1859); "Christus" (1856) escrita por Liszt; "Beatitudes" escrita em 1879 por Cesar Franck; "Redenção" (1882) e "Mors et vita" (1885) de Gounod.
Mais descritivas e claramente dramáticas estão as oratórias de Mendelssohn "São Paulo" (1836) e "Elias" (1846) e "A Lenda de Santa Isabel" de Liszt .