Poema Sinfônico
É um gênero de música sinfônica que se distingue da sinfonia pelo seu caráter programático (Música Programática: Obra que narra uma história, utilizando expressões formais de um texto que geram significados e idéias fora da linguagem musical) e, geralmente, pela estruturação em um único movimento. No poema sinfônico o compositor procura expressar por meio de sons, o conteúdo de uma obra literária, de um quadro pictórico ou, mesmo, de uma idéia filosófica. As apresentações desses poemas em salas de concerto são, geralmente, acompanhadas de um programa explicativo do tema desenvolvido, relacionando as partes musicais correspondentes a cada trecho.
Este termo foi usado pela primeira vez para a composição “Tasso”, de Liszt (1811-1883). Liszt compôs 13 poemas sinfônicos, sendo os mais relevantes: “O que se ouve na montanha” (1849), sobre um poema de Victor Hugo; “Os Prelúdios” (1854), sobre um poema de Lamartine; “Mazeppa” (1851); “A Batalha dos Campos Catalúnicos” (1856), sobre uma tela de Kaulbach e “Hamlet” (1858), sobre o drama de Shakespeare.
Fiel ao conceito de Liszt, Bedrich Smetana (1824-1884) compôs uma série de poemas sinfônicos: “Ricardo III” (1858), sobre o personagem de Shakespeare; “O Acampamento de Wallenstein” (1859), sobre o drama homônimo de Schiller; “Hakon Jarl” (1861), sobre o lendário herói pagão da Escandinávia e “O Carnaval de Praga” (1883), última obra do compositor. Além desses quatro, Smetana compôs o ciclo de seis poemas sinfônicos “Minha Pátria”, de inspiração nacionalista, descritivos de lugares e heróis da nação tcheca, contendo as obras “Vysehrad”, que descreve o legendário castelo; “O Moldávia”, cantando a passagem do rio pelo país; “Sárdka”, heroína lendária; “Dos Campos e Bosques da Boêmia”; “Tabor”, cidade bastião dos guerreiros hussitas e “Blaník”, montanha refúgio dos heróis vencidos, que aguardam o momento de serem chamados para a ressureição da pátria.
O poema sinfônico atingiu sua culminância com Richard Strauss. Iniciando com “Don Juan” (1889), sobre o galante personagem espanhol, seguiram-se “Machbeth” (1890), sobre o drama shakespeareano; “Morte e Transfiguração” (1890); “As Alegres Travessuras de Till Eulenspiegel” (1895); “Dom Quixote” (1898), sobre o personagem de Cervantes; “Assim Falou Zarathustra” (1896), sobre a filosofia de Nietzsche; “Uma vida de Herói” (1899), peça auto-glorificatória; “Sinfonia Doméstica” (1904) e “Sinfonia Alpina” (1915), estes dois últimos de caráter descritivo.
Algumas obras sinfônicas não catalogadas como poemas sinfônicos, podem ser assim consideradas por seu caráter programático, como a “Sinfonia Pastoral” de Beethoven (1770-1827); as sinfonias “Fantástica” e “Haroldo na Itália” de Berlioz (1803-1869); a abertura “Romeu e Julieta” de Tchaikowsky (1840-1893) e a suíte sinfônica “Scherazade” de Rimsky-Korsakov (1844-1908). Elas são “música de programa”, na acepção do que pretendem transmitir, pela música e mensagem de conteúdo literário, pictórico ou filosófico.