O Classicismo
A "música clássica" corresponde a um período da história da Música Erudita composta no período do Classicismo que vai de 1750 a 1830.
É considerado o gênero "galante”. No século XVIII, a literatura e as artes plásticas já tinham abandonado o estilo barroco. Ainda por volta de 1735, o estilo dominante na Europa era o “Rococó”, derivado do estilo barroco.
O classicismo foi profundamente influenciado pelos ideais humanistas, que colocavam o homem como centro do universo. Reproduz o mundo real, mas, molda‐o de acordo com o que se considera ideal. As obras refletem princípios como harmonia, ordem, lógica, equilíbrio, simetria, objetividade e refinamento. A razão é mais importante que a emoção.
Os compositores classicistas não pretendiam que sua música fosse apenas "música para cantar a religião", ou "o amor", ou "o trabalho". O seu ideal estético era a perfeição da forma. As formas musicais do barroco não serviam como expressão à nova mentalidade. Eles, então, desenvolvem a Sonata Clássica (ou Sonata-forma) e a Sinfonia. Claro, muito antes do Classicismo, Domenico Scarlatti já havia esboçado as linhas gerais da sonata. Mas foram dois filhos de Bach - Johann Christian e Carl Philipp Emanuel - que a fizeram chegar à maturidade como gênero musical.
A sinfonia, por sua vez, também tinha sido esboçada por um Scarlatti: o pai de Domenico, Alessandro (1660-1725). Este elaborara o gênero denominado Abertura italiana, dando-lhe um movimento dançante extraído da suíte, o minueto. Por fim, os músicos da Escola de Mannheim na Alemanha, aperfeiçoaram o trabalho de Stamitz, completando a formulação do gênero sinfônico.
A música instrumental barroca não conhecia nenhum princípio de desenvolvimento temático. O tema inventado pelo compositor era colocado em determinada situação polifônica (tomado e retomado pelas várias vozes instrumentais) e em determinada situação de orquestração (tomado e retomado pelos solistas e pelos tutti). Depois de esgotadas todas as possibilidades dessa situação inicial, o movimento estava terminado. Um bom exemplo dessa construção está nos Concertos de Brandenburgo de Johann Sebastian Bach.
Carl Philipp Emanuel Bach, inicialmente criou o novo princípio de construção do primeiro movimento, o mais longo e mais importante de
uma sonata. O tema é sumariamente exposto, depois muda de tonalidade, continuando o seu desenvolvimento. Mais tarde introduziu um segundo tema, contrastante. Está criada a sonata-forma completa, que logo começa a dominar toda a música instrumental.
A sinfonia é uma sonata para orquestra. O concerto, agora muito diferente dos concertos de Bach (pai) e Vivaldi, é uma sonata para um solista com acompanhamento da orquestra.
O quarteto, a sonata para quatro instrumentos de corda, será acrescentado por Haydn, o compositor mais representativo do espírito classicista (1732-1809), autor de uma obra vastíssima, na qual as possibilidades musicais da sinfonia foram exploradas com grande riqueza inventiva. Grande destaque teve, também, François Gossec (1734-1829) e Ludwig Spohr (1784-1859).
Essa independência das cordas em relação ao baixo-contínuo, assim como a importância dada ao conjunto instrumental, fez com que a música barroca chegasse ao fim.
Haydn elabora uma nova polifonia instrumental com a finalidade de dar coesão ao quarteto e à sinfonia, sem o apoio do baixo-contínuo. O princípio de construção será a sonata-forma de Carl Philipp Emanuel Bach. Usando só os instrumentos, Haydn fala o idioma da música sacra italiana da época precedente, ou seja, seus temas são cantáveis. É o começo da música moderna. A repercussão de sua música é imensa. Na Áustria todos eram haydnianos, inclusive o jovem Mozart.
Mas, a renovação da música instrumental por Haydn não atinge o gênero da ópera, que ainda seguia a rotina dos tempos de Scarlatti. Esta florescia em Veneza, a capital européia das diversões. Os "donos" da ópera, mais apreciados que os próprios compositores, eram os cantores. A pureza do teatro musical era desfigurada pelas vaidades e extravagâncias dos cantores italianos.
Na França, a tradição classista no campo da música, foi humilhada pela invasão italiana. Jean-Philippe Rameau (1683-1764) foi o mais importante compositor e teórico francês do século XVIII. Tem, em sua obra, uma reação classista e nacionalista àquela invasão italiana. Seu “Traîté d’Harmonie” (1722) é a base teórica do sistema tonal que continuará em vigor até Schoenberg. A refinada corte francesa do século XVIII se dividia em dois grupos antagônicos. De um lado, os partidários da ópera cômica; do outro, ficavam os apreciadores de Rameau, que procurara manter uma dramaticidade equilibrada em suas composições.
A iniciativa do trabalho de tornar séria a ópera coube a Christoph W. Gluck (1714-1787). Era mestre em Viena, na corte da Imperatriz Maria Teresa. Mas, foi em Paris que ele promoveu a reforma do drama musical. “Orfeu e Eurídice” de Gluck, surgiu em 1762, ou seja, dois anos antes da morte de Rameau. Nela não se podiam apontar virtuosismos vazios. Era despojada de tudo aquilo que agradava aos "bufões".
O caminho aberto por Gluck passou a ser seguido por outros, como Cherubini (1760-1842), Spontini (1774-1851), Méhul (1763-1817) e Salieri (1750-1825).
O classicismo já estava maduro quando se destacou no cenário musical a figura de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), cuja obra é considerada por alguns como a mais clássica de todo o século XVIII. Mozart escreveu seguindo o estilo do seu tempo. Ele próprio se considerava, antes de qualquer outra coisa, como um compositor de ópera.
Em sua época, manifestava-se ainda um estilo Rococó e, em parte da criação musical que ele deixou, percebe-se traços desse estilo. Entretanto, muitas das suas peças, em especial suas últimas composições, antecipam a música que depois surgiria com Beethoven.