Hardingfele
O violino de Hardanger é denominado de hardingfele em norueguês e é um instrumento de cordas utilizado, originalmente, para nele ser tocada a música norueguesa. É encontrado, principalmente, no sudoeste da Noruega e usado para acompanhar danças, enquanto que nas outras regiões é muito mais utilizado o felevanling – violino comum.
É usado, também, por violinistas para conduzir a procissão nupcial à Igreja, um costume nos países nórdicos.
O hardingfele mais antigo de que se tem conhecimento, data de 1651 e foi feito por Ole Jonsen Jaastad em Hardanger (origem do seu nome) na Noruega. Tinha um corpo com forma mais arredondada e estreita e que foi, em torno de 1850, modificado para o formato do violino comum.
Na voluta do instrumento é, frequentemente, esculpida a figura de um animal (geralmente, um dragão ou o leão da Noruega) ou a cabeça de uma mulher.
As cravelhas, o braço e o estandarte são marchetados em madrepérola e toda a borda do corpo do instrumento e parte dele (corpo) é decorado com desenhos de tinta preta chamados de rosing. Às vezes, são usadas peças de osso para decorar as cravelhas e as bordas do corpo do hardigfele.
São muito parecidos com o violino, embora, sejam de madeira mais fina e possuam oito ou nove cordas. Quatro delas são encordoadas e tocadas como um violino, enquanto as restantes, chamadas de understrings (cordas inferiores) ou cordas simpáticas ressoam sob influência das outras quatro. Pode-se dizer que o seu som é polifônico, já que existe a voz melódica principal e a segunda voz emitida pelas cordas simpáticas.
As cordas do hardingfele são mais finas do que aquelas do violino clássico, assemelhando-se às cordas dos violinos do período barroco.
A afinação do hardingfele é em tom mais agudo que o do violino comum, porque os sons agudos são considerados mais brilhantes. O “A” (lá) no hardingfele corresponde ao “B” bemol (Si bemol) aproximadamente, 466 hertz ou mais. Sendo assim, as notas são afinadas levando-se em conta o “A” (lá) do hardingfele e não o “A” (lá) igual a 440 hertz (do piano).
As cordas de um hardingfele são afinadas a fim de vibrarem de acordo com a afinação principal. Sendo assim, quando as cordas principais são afinadas em A-D-A-E, (lá-ré-lá-mi) as understrings são afinadas em B-D-E-F#-A (si-ré-mi-fá#-lá).
A afinação varia, a depender da região do instrumento para a qual foi escrita ou das exigências harmônicas de determinada peça musical.
São registradas na Noruega mais de vinte afinações, porém, a maioria das melodias de Hardanger é tocada com a afinação usual A-D-A-E (lá-ré-lá-mi) podendo, no entanto, ser tocada na afinação clássica do violino G-D-A-E (sol-ré-lá-mi). Em determinadas regiões é usada a afinação F-D-A-E (fá-ré-lá-mi) conhecida como Gorrolaus.
Encontramos, também, a Trolesteniming, o mesmo que afinação de Troll (entidade mitológica nórdica) ou afinação mágica: A-E-A-C# (lá-mi-lá-dó#) usada nas Fanitullentone (Melodias do Diabo) comuns no Distrito de Valdres / Noruega. Segundo a tradição, esse nome se deve à lenda que diz que os violinistas aprendiam a tocar, diretamente, com o diabo. Influenciado por essa crença, por volta de 1800, as autoridades apreendiam e destruíam qualquer hardingfele porque a Igreja achava que esse tipo de música “não era bom para a alma”, já que levava as pessoas à bebida, às lutas violentas e às danças. Até o sec. XX era proibido tocar o hardingfele dentro das igrejas.
A técnica de movimento de arco em um Hardingfele difere da usada em um violino clássico, A força empregada sobre as cordas é menor e a fricção mais suave e ligada. O instrumentista fricciona o arco, geralmente, em duas das cordas superiores e, às vezes, em três. Isto é feito com facilidade, devido ao nivelamento relativo do cavalete, ao contrário do cavalete mais curvado de um violino comum.
As melodias e as técnicas de tocar diferem bastante entre as diversas regiões da Noruega. Isto é ocasionado, provavelmente, pelo fato de que a Noruega se apresenta com uma série de vales separados por montanhas, o que isolava as comunidades no passado.
O compositor norueguês Edvard Grieg adaptou muitas melodias populares de Hardanger em suas composições e compôs outras nesse mesmo estilo para a peça de Ibsen que ele musicou: Peer Gynt. Nela, percebe-se que a frase musical de abertura de Manhã é baseada na afinação das cordas simpáticas do hardingfele: A-F#-E-D-E-F# (lá-fá#-mi-ré-mi-fá#) e assim por diante. Também o tema principal do concerto de piano de Grieg é tido como inspirado em uma Fanitullentone (Melodia do Diabo) tocada por um violinista da Hallingdal que é um vale e tradicional Distrito em Buskerud na Noruega.
REFERÊNCIAS -: Wikipedia - Fuchinecco, Martin.artigo enviado por Cel Costa Pinto
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