Karl Maria Friedrich Ernst, Freiherr Von Weber
Karl Maria Friedrich Ernst, Freiherr Von Weber, nasceu in Eutin em 1786 e morreu em Londres em 1826. Weber possuía uma família de artistas; seu pai, Franz Anton, era violinista, contrabaxista, compositor e também empresário de uma companhia de ópera itinerante; a mãe era uma cantora e também atriz; dois dos seus irmãos eram compositores; seu tio era cantor e violinista; e três das suas primas (incluindo Aloysia Weber pela qual Mozart se apaixonou, mas ela o rejeitou, e sua irmã Constanze que acabou se casando com Mozart) eram sopranos.
Karl Maria, quando criança, respirava a atmosfera do teatro. Pela experiência, ele adquiriu o conhecimento do seu mecanismo que tanto lhe foi útil nas suas futuras composições operísticas.
Weber teve suas primeiras aulas de piano com seu pai, e quando tinha nove anos passou a ter aulas de órgão com Heuschkel na cidade de Hildburghausen. Heuschkel foi a primeira pessoa a influenciar Weber a escrever suas primeiras composições. Um empresário de Carlsbad, ficou muito impressionado pelo talento do pequeno rapaz, e o comissionou a escrever uma ópera cômica, Das Waldmädchen. Depois ele se tornou pupilo de Michael Haydn, (o irmão do famoso Joseph Haydn) e o seu último professor foi Abbé Vogler em Viena.
Weber obteve o cargo de Kapellmeister na cidade de Breslau em 1804 quando tinha a idade de dezessete anos. Também, adquiriu cargo semelhante nas cidades de Stuttgart, Praga e Dresden. Paralelamente a sua atividade de compositor, Weber estabeleceu-se como um famoso pianista virtuoso e realizou várias turnês pela Europa.
Em 1811 Weber passou a se interessar pela Opera Alemã. Ele ficou fascinado por um volume de histórias de fantasmas escritas por A. Apel e F. Laun publicados em 1810. Imediatamente planejou escrever uma ópera inspirada na historia de Der Freischütz, mas ele só pode termina-la em 1820 com o libreto escrito por Johann Friedrich Kind.
Ao escrever a ópera Der Freischütz, Weber tornou-se famoso por toda a Europa influenciando numa nova geração de compositores românticos de ópera. Em decorrência disso ficou conhecido como “Pai do Romantismo Alemão”.
Weber também alcançou uma importância particular com as suas obras para clarineta, um dos instrumentos solista mais populares da época depois do violino e do piano. O Concertino op. 26 e os dois Concertos para clarineta, nº1 op.73 e nº2 op.74 foram escritos em 1811 e pertencem a um grupo de seis peças onde a clarineta tem destaque. Weber compôs estas músicas para o seu amigo clarinetista Heinrich Joseph Baermann, um dos maiores solistas da época. Baermann unia aspectos técnicos tanto da escola Alemã como da Francesa. Ele combinava a musicalidade e sonoridade de Tausch (virtuoso de Berlin) com a técnica brilhante de Beer (fundador da escola Francesa). Tanto Tausch como Beer foram professores de Baermann.
Baermann era membro da Orquestra da corte de Munique quando Weber conduziu concertos com composições de sua própria autoria. A partir deste contado estabeleceu-se uma forte amizade que o próprio Weber descreve: “Baermann é um grande artista e ao mesmo tempo um homem glorioso” .
Baermann, nascido em 1784, era também um músico que realizava várias turnês e, como Weber, atingiu um grande sucesso no meio musical Europeu. Outros compositores também se impressionaram com sua virtuosidade, tais como: Meyerbeer e Mendelssohn que escreveram concertos para ele.
Baermann possuía uma nova clarineta de dez chaves que possibilitava uma grande agilidade técnica em praticamente todas as tonalidades, em contraste com a clarineta clássica de cinco chaves para a qual Mozart escreveu diferentes composições em tonalidades restritas como a de Lá, Si bemol, e Dó. As tonalidades que possuíssem muitos acidentes criavam sérios problemas na digitação das chaves o que levou vários compositores a escreverem somente na tonalidade do próprio instrumento. A proximidade de Weber com Baermann criou oportunidades para Weber fazer um estudo intensivo das possibilidades da clarineta, tais como: aspectos da sonoridade, da articulação e da sua extensão. Todas as composições para clarineta de Weber foram muito bem escritas, e mesmo nos dias de hoje são consideradas como umas das melhores e mais virtuosísticas obras do repertório do instrumento.
Os dois concertos para clarineta de Weber foram comissionados pelo Rei Maximilian I da Baviera após a exultante apresentação de Baermann do Concertino em Mi bemol maior em 5 de abril de 1811 em Munique. Os dois concertos não foram editados até o ano de 1822. A primeira edição foi feita por “de Luxe Edition” em Schlesinger, Berlin. A partitura completa da orquestra não foi editada, somente foram feitas as partes individuais o que era comum nesta época. Weber escreveu estes concertos muito rapidamente. Seus diários indicam, por exemplo, que ele orquestrou o primeiro movimento do Concerto em fá menor em apenas um dia, mesmo escrevendo outras peças concomitantemente. Como resultado desta pressa, existe uma escassez de indicações de dinâmica e acentuações (aparentemente o compositor deixou esta tarefa para o interprete).
(por Pedro Robato)