Música de Câmara
Música de Câmara é uma forma da música erudita, composta para um pequeno grupo de instrumentos ou vozes. Atualmente, a expressão é usada para qualquer música executada por um pequeno número de músicos. A palavra "câmara" significa que a música deve ser executada em salas pequenas e não em teatros. Até o período barroco, mais de 20 músicos já era uma orquestra completa, mas, a partir do classicismo, com as orquestras se tornando cada vez maiores, este número passou a ser considerado camerístico. Podemos dizer que entre 20 e 40 músicos, trata-se de uma "orquestra de câmara" e, a partir de 40 músicos, de uma orquestra sinfônica, ainda que pequena. A formação camerística pode ser desde dois músicos (sonatas para violino e piano, por exemplo), denominada dueto e depois, trio, quarteto, seguindo-se quinteto, sexteto, septeto, octeto, noneto e orquestra de câmara (dez ou mais músicos).
Entre as suas formações mais importantes estão: "Quarteto de Cordas", “Quinteto de Sopros", e o "Trio com Piano" dentre outras diversas combinações de instrumentos. O "Quarteto de Cordas" em sua formação padrão (primeiro violino, segundo violino, viola e violoncello) é considerado uma das formas mais importantes da música de câmara e a maioria dos compositores, desde o fim do século XVII, compunha neste formato.
Inicialmente no quarteto de cordas, era destinada ao primeiro violino uma melodia que seria, apenas, acompanhada pelos outros três instrumentos, mas logo, os compositores perceberam a riqueza de possibilidades do tratamento polifônico que esse conjunto instrumental oferecia, ocasionando, então, aos poucos, uma tendência, sob o ponto de vista técnico e expressivo, para a completa igualdade entre os quatro instrumentos. O “Quarteto de Cordas” foi uma das formas mais equilibradas e homogêneas, no que se refere à qualidade sonora, que a história da música instrumental já registrou.
As primeiras obras de Joseph Haydn para este formato tinham cinco movimentos e lembravam o divertimento ou a serenata; porém os quartetos opus 9, de 1769-1770, já apresentam a estrutura que se tornaria padrão tanto para Haydn quanto para outros compositores: quatro movimentos, um rápido, um lento, um minueto e trio e um final rápido. Por esses exemplos terem ajudado a codificar um formato que se originou na suíte barroca, Haydn é chamado frequentemente de "pai do quarteto de cordas",
chegando, em ocasiões sociais e de maneira improvisada, a executar seus quartetos, dos quais participava o jovem Wolfgang Amadeus Mozart.
A composição para o quarteto de cordas floresceu na era clássica, quando Mozart deu um tratamento de mais independência polifônica e de maior individualização dos instrumentos ao “quarteto clássico” que chegou ao seu apogeu com Beethoven. Na época romântica, Schubert Schumann, Mendelssohn e Brahms continuaram a cultivar o gênero, embora, de maneira menos intensa e com um objetivo de obter do quarteto um colorido mais rico, porém, com uma textura menos polifônica e com um desejo de extrair alguns efeitos orquestrais, objetivo esse que se firmou em obras semelhantes de compositores das últimas décadas dos anos oitocentos e princípios dos novecentos (Smétana, Dvorak, Tchaikovsky, Debussy, Ravel e outros). Entretanto, continuando a procurar novos efeitos de colorido e expressão, os compositores da "idade moderna" da música erudita, principalmente, Bartók, Schoenberg, Hindemith, Milhaud, Shostakovitch e Villa-Lobos, verdadeiros cultores do gênero, voltaram a imprimir, no quarteto, uma escrita, predominantemente, polifônica e de descendência direta dos últimos quartetos de Beethoven
(colaboração de Cel Costa Pinto)