O Choro Atravéz do Tempo (Parte 2)


Continuando então, o sec. XX surgiu firmando a inclusão, acontecida nas últimas décadas do sec. XIX, de outros instrumentos ao choro: clarinete, flautim, oficleide, bandolim e o instrumento que teve a seu cargo, a introdução do choro nos salões da sociedade e, também, a sua grande divulgação: o piano. Citamos os nomes de três grandes pianistas responsáveis por esse feito: Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Zequinha de Abreu. Acrescentamos hoje, que eles além de “pianeiros” foram, também, compositores importantes desse gênero musical. Suas composições são, até hoje, executadas pelos conjuntos de choro e por importantes instrumentistas, incluindo os de formação erudita.
                                     Chiquinha Gonzaga foi a primeira mulher a se destacar como compositora na história da música popular brasileira, compondo estilos variados (valsas, modinhas, polcas, maxixes) e freqüentando rodas de choro e tocando em festas e bailes com outros “chorões”. Dessa maneira e já separada do marido, conquistou a sua independência causando grande escândalo na sociedade brasileira da época. Além disso, compôs 77 músicas para peças teatrais, atuou como professora de piano e maestrina de orquestras e bandas. Seu primeiro sucesso (não sua primeira composição) foi a polca “Atraente” em 1877. As suas inúmeras composições alcançaram sucesso, destacando-se, principalmente, a primeira marcha carnavalesca, composta a pedido do Cordão Rosa de Ouro do Rio de Janeiro: “Ô Abre Alas” e o tango estilizado “Gaúcho” - conhecido como “Corta-Jaca”, por ser a denominação desse estilo musical. Para ouvir algumas das suas músicas, clic nos links abaixo:
"Atraente" na versão apresentada na minissérie “Chiquinha Gonzaga”  produzida pela TV Globo.
"Lua Branca(modinha)" no clipe apresentado nos finais dos capítulos daquela minissérie na interpretação de Maria Teresa Madeira (piano) e Joana (voz).
"Gaúcho(Corta Jaca)" também, em clipe apresentado na mesma minissérie e na interpretação de Maria Teresa Madeira (piano) e Marcus Viana (violino).
"Ô Abre Alas"
                                  
Ernesto Nazareth (Ernesto Júlio de Nazareth) – natural do Rio de Janeiro,  foi um pianista de formação erudita e compositor que ganhava a vida dando aulas particulares, compondo e tocando em festas e nos cinemas. Considerado um dos grandes nomes do choro ou, ainda, “O Rei do Tango Brasileiro”, imprimiu um estilo único de interpretar no piano o choro das rodas dos chorões. As suas composições, no limite do erudito com o popular, são brilhantes, quer sejam interpretadas por músicos concertistas como por chorões. Confessava, como atesta Francisco Mignone, que o seu compositor favorito era Chopin de quem tocava quase todas as baladas e por quem deve ter sido, algumas vezes, influenciado ao compor, como se pode notar na sua “Polonaise”, peça rara no acervo de sua obra. Sua influência musical se faz sentir tanto no meio musical popular brasileiro como no erudito, sendo a sua obra executada por músicos de diversos outros países. Deixou um legado de 211 peças completas para piano.
Podemos ouvir algumas das suas composições acessando os links abaixo:
"Odeon" pelo Regional de Choro Conjunto Som Brasileiro com considerações do Prof. Sérgio Napoleão Belluco.
"Odeon" em arranjo para piano a quatro mãos de Laurent Grinszpan e interpretado por Betsy & Laurent.
"Espalhafatoso" por Artur Moreira Lima (pianista).
"Batuque" por Artur Moreira Lima (pianista)
"Atrevidinha" por Rosana Lanzelotte (cravo), Caito Marcondes (percussão) e Luis Leite (violão)
"Polonaise" Alexandre Dias (pianista e estudioso da vida e obra de E. Nazareth)
                                     Zequinha de Abreu (José Gomes de Abreu) – natural da cidade de Santa  Rita do Passa Quatro em São Paulo foi um músico instrumentista (piano, flauta, clarineta e requinta), compositor e regente. Compôs choros, sendo o mais famoso e internacionalmente conhecido o “Tico-Tico no Fubá”, mas, destaca-se, principalmente como compositor de valsas.
Demonstrando como o “Choro” é apreciado e executado em todo o mundo, sugiro conferir os vídeos nos links que se seguem:
"Tico-Tico no Fubá" na interpretação da Orquestra Filarmônica de Berlim sob regência de Daniel Barenboim.
"Tico-Tico no Fubá" na interpretação do conjunto Choro Democrático.
"Branca(Valsa)" interpretada ao violão.
Para outra oportunidade, fica a promessa de falarmos sobre outros grandes músicos – intérpretes e compositores, populares e eruditos – do “mundo do choro”. Até breve.
(Artigo enviado por Cel Costa Pinto)