Louis Hector Berlioz
Louis Hector Berlioz, compositor do período romântico, nasceu em 11 de dezembro de 1803 em La Côte-Saint-André, localizada entre Grenoble e Lyon na França. Estudou composição no conservatório de Paris e, ainda, bem cedo, identificou-se com o movimento romântico francês. Durante sua vida foi mais famoso como maestro do que como compositor. Amante da literatura, muitas de suas composições são influenciadas por obras literárias.
A Importância de Berlioz para a música instrumental oitocentista deriva, sobretudo, de suas três primeiras sinfonias, em particular, da sua Symphonie Fantastique. Embora tenha sido, muitas vezes, mal interpretada a sua concepção de relação entre música e programa, estas obras fizeram de Berlioz o primeiro da fila da ala radical do movimento romântico e todos os compositores subsequentes teriam uma dívida com ele. Sua orquestração inaugurou uma nova era.
Sua Symphonie Fantastique (Sinfonia Fantástica) executada pela primeira vez em 5 de dezembro de 1830 em Paris, foi a primeira obra de música programática puramente instrumental. A originalidade dessa obra reside no seu conteúdo musical; tem a ver, também, com uma série de pormenores como as melodias, harmonias, ritmos, estrutura de frases e também com a capacidade de Berlioz de exprimir os muitos e variados estados de espírito, bem como o conteúdo emotivo fundamental do seu drama numa música de grande força comunicativa. Sua Sinfonia é tão descritiva como a música de uma ópera, mas, um drama musical sem palavras. Em um determinado momento Berlioz deu um subtítulo a esta obra: "Episódio na Vida de um Artista" e escreveu para ela um programa que é uma autêntica autobiografia romântica, fruto de uma paixão por uma atriz irlandesa, que inspirou a obra. Mais tarde, o compositor admitiu não ser indispensável distribuir o programa ao público, pois esperava que a música por si só, independente de todo e qualquer propósito dramático, tivesse interesse exclusivamente musical. Uma importante inovação formal dessa sinfonia é a recorrência do tema inicial do primeiro andamento em todos os outros andamentos. A "idée-fixe", um tema melódico (imagem obsessiva da amada do herói, segundo o programa) que surge ao longo da obra.
Primeiro Movimento:
(Devaneios e Paixões) - Largo; Allegro Agitato e Appassionato Assai.
Segundo Movimento:
Valse: Allegro Ma Non Troppo.
Terceiro Movimento:
Cena Campestre - Adagio.
Quarto Movimento:
Marcha para o Cadafalso - Allegretto Non Troppo.
Quinto Movimento:
Larghetto; Allegro Assai.
A segunda sinfonia de Berlioz, "Harold em Itália", Op.16, escrita em1834, é uma sequência de quatro cenas inspiradas pela leitura de Childe Harold, de Lord Byron. Como na sua primeira sinfonia, os andamentos respeitam a ordem clássica convencional. Há também um tema recorrente de ligação, confiado, principalmente, à viola. O último movimento resume, explicitamente, os temas dos andamentos anteriores. Boa parte desta sinfonia tem uma orquestração tão ligeira que quase faz lembrar uma peça de música de câmara.
Primeiro Movimento:
Haroldo nas Montanhas - Cenas de Melancolia, de Felicidade e de Alegria (Harold aux Montagnes - Scènes de Mélancolie, de Bonheur et de Joie) Adagio; Allegro.
Segundo Movimento:
Procissão dos Peregrinos Cantando a Prece Vespertina - (Marche des Pelèrins Chantant la Prière du Soir) Alegretto.
Terceiro Movimento:
Serenata de um Montanhês dos Abruzzos a sua Amada (Sérénade d'un Montagnard des Abruzzes à sa Maîtresse) Allegro Assai.
Quarto Movimento:
Orgia de Salteadores. Lembranças das Cenas Precedentes (Orgie de Brigands. Souvenirs des Scènes Précédentes) Allegro Frenetico; Adagio; Allegro; Tempo I.
Quase cinco anos depois, Berlioz compôs sua sinfonia dramática "Romeu e Julieta", Op. 17 (1839) última obra composta por Berlioz. Escrita para orquestra, solistas e coro, em sete andamentos, não é uma ópera em versão de concerto nem uma cantata, é uma obra, fundamentalmente, sinfônica. Aqui, Berlioz explora os meios pelos quais a orquestra pode representar um drama sem o auxílio constante das palavras. Nela, os solistas vocais e o coro interpretam personagens secundários ou “narradores” da peça, ao passo que é a orquestra que representa os dois amantes. "Romeu e Julieta" contêm três partes subdivididas em movimentos cujos títulos indicam a sequência dos episódios dramáticos:
Primeira Parte
- Introdução (Combates. Tumulto. Intervenção do Príncipe) Prólogo (Estrofes, Scherzetto).
Segunda Parte
- Romeu só. Tristeza. Ruído Distante de Baile e de Concerto. Grande Festa na Casa Dos Capuleto.
- Noite Serena. O Jardim dos Capuleto, Silencioso e Deserto. Jovens da Família Capuleto Saem da Festa, Passam e Cantam Reminiscências da Música do Baile.
- Cena de Amor – A Rainha Mab, ou a Fada dos Sonhos (Scherzo).
Terceira Parte
- Cortejo Fúnebre de Julieta.
- Romeu no Mausoléu dos Capuleto. Invocação. Despertar de Julieta. Alegria Delirante, Desespero. Últimas Angústias e Morte Dos Dois Amantes.
- Final (A Multidão Acorre ao Cemitério. Rixa Entre os Capuleto e os Montecchio. Recitativo e Ária de Frei Lourenço. Juramento de Reconciliação).
Entre as obras restantes de Berlioz, contam-se várias aberturas, incluindo o famoso “Carnaval Romano” (1844) e a “Sinfonia Fúnebre e Triunfal”, composta para uma cerimônia nacional em 1840.
Hector Berlioz faleceu em 8 de março de 1869.