Das Sinfonias de Brahms
Mestre da sinfonia e da sonata da segunda metade do século XIX e um dos grandes compositores da época romântica, Brahms era visto como um conservador, em contraste com o progressismo de outros compositores de sua época. Consciencioso por natureza e autocrítico ao extremo, as suas sinfonias e concertos são bastante formais. Brahms abordou a composição de sinfonias com muita cautela e ponderação, sob o peso daquilo que sentia ser a sua responsabilidade de não ficar aquém das realizações de Beethoven neste domínio. Anteriormente suas únicas peças orquestrais foram duas serenatas (Ré maior, Opus 11 escrita em 1858 e a em Lá maior, Opus 16 escrita em 1860) e as "Variações sobre um Tema de Haydn" Opus 56a escrita em 1873.
Suas sinfonias provam seu apego ao formalismo clássico: organizam-se segundo a estrutura habitual em quatro andamentos e utilizam as técnicas clássicas do contraponto. São exemplos de música absoluta, no mesmo sentido em que são suas obras de música de câmara. Ao mesmo tempo, suas sinfonias são românticas pela sua harmonia, pela sonoridade orquestral e por outras características genéricas de sua linguagem musical. Seu estilo é consistente e pessoal e não constitui uma síntese do classicismo e romantismo.
Sua primeira sinfonia, a "Sinfonia Nº 1 em Dó Menor”, escrita em 1876, toma como ponto de partida a quinta de Beethoven: é a única das sinfonias de Brahms em que é desenvolvida a concepção romântica de um motivo de luta (no modo menor), culminando numa vitória (no modo maior) A sequência de tonalidade dos andamentos também é característica da sinfonia do século XIX : 1º movimento em Dó menor; 2º movimento em Mi maior; 3º movimento em Lá bemol maior e Si menor; 4º movimento em Dó menor e maior.
1º movimento: Un poco sostenuto – Allegro – Meno allegro (Dó menor)
2º movimento: Andante sostenuto (Mi maior)
3º movimento: Un poco allegretto e grazioso (Lá bemol maior e Si menor)
4º movimento: Adagio – Più andante – Allegro non troppo, ma con brio – Più allegro (Dó menor e maior)
A segunda sinfonia, “Sinfonia Nº 2, Opus. 73, em Ré maior”, escrita em 1877, ao contrário da primeira, tem um carácter mais tranquilo, bucólico, mas, não sem uma certa "gravidade".
1º movimento: Allegro non troppo (Ré maior)
2º movimento: Adagio non troppo (Sí maior)
3º movimento: Allegretto grazioso (quasi andantino) (Sol maior)
4º movimento: Allegro con spirito (Ré maior)
A terceira sinfonia, “Sinfonia Nº 3 em Fá maior, Opus 90” e escrita em 1883, foi, por alguns cognominada de a "Heroica" de Brahms . Seus primeiros compassos constituem uma ilustração perfeita de um processo harmônico muito característico. Ela começa em fá maior e só se fixa em fá maior na coda.
1º movimento: Allegro con brio (Fá maior), em forma de sonata.
2º movimento: Andante (Dó maior), em forma de sonata modificada.
3º movimento: Poco allegretto (Dó menor), em forma ternária.
4º movimento: Allegro (Fá menor / Fá maior), em modo de sonata modificada.
A quarta sinfonia, “Sinfonia Nº 4 em Mi menor, Opus 98”, foi escrita entre 1884 e 1885 . O "andante" desta sinfonia é um dos andamentos que mais se aproximam da balada. O final desta sinfonia, escrito de uma forma invulgar, uma passacaglia ou chacone, é composta por trinta e duas variações e uma breve coda sobre um tema ostinato de oito compassos.
1º movimento: Allegro non troppo (Mi menor)
2º movimento: Andante moderato (Mi menor/Mi maior)
3º movimento: Allegro giocoso (Dó maior)
4º movimento: Allegro energico e passionato (Mi menor)
Conscientemente ou não, Brahms seguiu, assim, uma tendência geral do seu tempo. Nas últimas obras de Schuman e Berlioz e, mesmo, de Liszt e Wagner é evidente um "regresso" à disciplina, um ressurgimento da ordem e da forma. E as sinfonias de Brahms ilustram mais claramente, ainda, estas tendências.