Cristoph Willibald Gluck – (1714-1787)
Quando alguns compositores italianos começaram a tentar harmonizar a ópera com os novos ideais da música e do teatro, os seus esforços foram no sentido de tornarem toda a concepção mais natural, mais flexível na estrutura, mais profundamente expressiva no conteúdo, menos carregada de coloratura e mais variada em outros recursos musicais. Passou-se a usar mais o recitativo obbligato, a orquestra tornou-se mais importante, quer em si mesma, quer ao acrescentar profundidade harmônica aos acompanhamentos, e os coros caídos em desuso na ópera italiana, voltaram a aparecer. É sobre este contexto de reforma da ópera que surge, então, Gluck.
Gluck conseguiu uma síntese harmônica entre a ópera francesa e a italiana, o que fez dele o homem do momento. Nascido na Boêmia, Gluck estudou com Sammartini na Itália, visitou Londres, fez uma tournée pela Alemanha como maestro de uma companhia de ópera, tornou-se compositor da corte do imperador em Viena e conheceu o apogeu da glória em Paris sob o patrocínio de Maria Antonieta.
Gluck começou a escrever óperas no estilo italiano, mas, foi, fortemente, afetado pelo movimento reformador da década de 1750. Colaborou com o poeta Raniero Calzabigi (1714-1795) para levar à cena, em Viena, "Orfeo ed Euridice" (1762) e "Alceste" (1767). Tanto numa como noutra obra, a música adapta-se ao drama, com recitativos, árias e coros conjugados em grandes cenas. Gluck, também, devolveu ao coro, que tempo antes estivera fora de moda, um papel importante.
Gluck atingiu a maturidade com as óperas “Orfeo” e “Alceste”, assimilando a graça italiana, seriedade alemã e a magnificência imponente da tragédia lírica francesa. Seu clímax da carreira aconteceu com a estréia em Paris, no ano de 1774, com a ópera "Iphigénie en Aulide". Com um libreto adaptado a partir da tragédia de Racine, foi um imenso sucesso. Pouco depois, foram levadas à cena versões revistas de Orfeu e Alceste, ambas com textos franceses.
Compôs, também, em 1777 uma ópera em cinco atos, "Armide", sobre o mesmo libreto de Quinault, usado por Lully em 1686. Sua obra prima seguinte foi "Iphigénie en Tauride", levada à cena em 1779.
As óperas clássicas de Gluck serviram de modelo para as obras dos seus seguidores imediatos em Paris, e a sua influência sobre a forma e o espírito da ópera, transmitiu-se ao século XIX através de compositores como Cherubini (1760-1842), Gasparo Spontini (1774-1851) e Hector Berlioz (1803-1869).