Escolas Musicais Nacionalistas – 1830 – 1950



Durante o séc. XIX e até o inicio do séc. XX, à medida que os Estados– nações – iam surgindo, a música vai-se transformando em um veículo de afirmação nacional para vários artistas. A música passa a refletir, também, o espírito de seus países ou regiões de origem.
Grande parte da música do classicismo e do barroco possui um estilo que não pode ser facilmente classificado como de um único país; os estilos e formas são internacionais. No entanto, no séc. XIX os músicos começaram a se definir em termos de nacionalidade, e nos estilos ou gêneros das suas obras.
No sec. XIX a política européia era dominada pelos movimentos nacionalistas. Havia países cujos povos eram unidos por uma língua comum, como Itália e Alemanha, cuja meta era formar um Estado – nação – autônomo, enquanto outros povos – húngaros, tchecos e irlandeses – eram dominados por estrangeiros e buscavam a independência. A música, ao lado da língua e da literatura, torna-se um veículo para suas aspirações. Um exemplo de nacionalismo musical surgido num país não governado por um império opressor seria a Rússia. Ela era, em si, um grande império, mas historicamente, sentia-se inferior à Europa Ocidental em matéria de cultura. A música européia foi importada para a Rússia por e para a aristocracia e a única música autenticamente russa era a de tradição popular.
Nacionalismo Russo
O grande catalisador da mudança na Rússia foi Mikail Glinka. Sua ópera “Uma Vida pelo Czar” lembrava Rossini no estilo, mas evocava as melodias folclóricas russas que ele escutara na infância. Em meados do século XIX, com o surgimento do “Grupo dos Cinco” liderado por M. Balakirev e tendo M. Mussórgsky, César Cui, N. Rimski-Korsakov, e A. Borondin como os outros membros, o nacionalismo russo torna-se radical. Balakirev compôs um poema sinfônico, ”Rússia”, e Borodin compôs “Na Àsia Central”. Mussórgsky, não era um músico, formalmente, treinado e, sem muita familiaridade com as progressões harmônicas ocidentais, compôs música em que faz amplo uso de harmonias populares. O “Grupo dos Cinco” influenciou compositores que lhe sucederam como Glazunov, Sergei Prokofiev,Igor Stravinsky e Dmitri Shostakovich que, também, fizeram uso de melodias populares.
O Império Habsburgo
Compositores nacionalistas tchecos eram menos radicais nos sentimentos anti-ocidentais. Contudo, pretendiam afirmar sua diferença em relação ao Império Habsburgo austríaco que, ao dominar esse povo, queria suprimir a língua e a cultura tchecas. Compositores como Smetana, Dvorák e Janácek em muito contribuíram para o desenvolvimento do estilo musical nacional de seu país. Em seu Poema Sinfônico “Má Vlast”, Smetana não só descreve um retrato da paisagem tcheca, como também, faz uma evocação da cultura e da história do país. Já a situação musical húngara difere da tcheca na medida em que sua música folclórica já fora representada pelos compositores românticos como Liszt, Brahms e Joseph Joachim, mas apenas no séc. XX, é que Bartòk e Kodály começam a coletar música folclórica húngara e fazer uso dela de uma forma mais autêntica.
Os laços políticos e culturais entre os países germânicos e escandinavos eram tradicionais; o dinamarquês Niels Gade, por exemplo, passou um bom tempo estudando e depois regendo em Leipzig. Grieg, que também estudou em Leipzig cria uma arte musical, peculiarmente, norueguesa. As “Suítes Peer Gynt” foram compostas como música incidental para a peça de Ibsen sobre o aventureiro epônimo. Sibelius, na Finlândia, mostra música com tendências nacionalistas apenas quando cita a música folclórica finlandesa.
Na América, grande parte da arte musical do séc. XIX ignorou o material folclórico, embora a “Indian Suite” de MacDowell fizesse uso de melodias indígenas norte-americanas. Charles Ives, compositor mais caracteristicamente norte americano, nas suas citações musicais fornece um retrato bastante evocativo e peculiar de sua infância na Nova Inglaterra. Mais tarde, Aaron Copland cria uma música norte americana, facilmente, identificável, em parte, apropriando-se de estilos populares como o “hoedown” em “Appalachian Spring”.
No início do séc. XX, compositores como Granados e Albéniz na Espanha e Vaughan Williams na Inglaterra usam a música popular de seus países sob formas nostálgicas similares.