Johann Mattheson - (Compositor- Musico e Teorista)

Mattheson-Johann-01 J. Mattheson (1681-1764), nasceu e morreu em Hamburgo, que foi o primeiro centro musical da Alemanha. Foi cravista, organista, cantor de ópera, regente, compositor, professor, teórico e crítico musical, trabalhando inclusive, com relações diplomáticas. Em 1709, casou-se com a filha de um ministro inglês.
Ele se tornou um especialista em comércio financeiro anglo-alemão e também um poliglota e estudioso de Direito Inglês.  Foi diretor de música da Catedral de Hamburgo (1718-1725) e mestre de capela da corte do duque de Holstein (1719).
Começou a sofrer de surdez progressiva, retirando-se, à partir de 1728, do cenário musical. No entanto, ele continuou a  escrever música até 1740, bem como, a traduzir livros de Inglês e escrever vários artigos para jornais (incluindo valiosas discussões sobre música contemporânea e performance).
Ele se tornou um homem rico, doando a maior parte de sua fortuna, após a morte de sua esposa, à Igreja de São Miguel para restaurar o seu órgão que havia sido destruído em um incêndio . Em 1735, aposentado e completamente surdo, passa a escrever seus tratados teóricos. Sua importância para a história da música é como a de  um observador e cronista da cena musical de sua época.

É autor do livro “A Orquestra Recém Inaugurada” onde fala sobre as 17 tonalidades e seus significados na Música Barroca:
1. Dó Maior - Tem uma qualidade bastante rude e insolente, porém, não será inadequada para regozijos (Rejouissances) e de onde se dê curso livre a alegria. Apesar disto, um compositor hábil, sobre tudo quando escolhe bem os instrumentos acompanhantes, poderáconvertê-la em algo encantador, podendo também, usá-la em casos de ternura.

2. Dó Menor - É uma tonalidade sumamente amável, porém ao mesmo tempo triste, uma vez que a primeira qualidade prevalece muito, e uma pessoa se cansa facilmente do “dolce”. Far-se-á bem em animá-la um pouco mediante um movimento um tanto alegre, se não, uma pessoa cairá facilmente sonolento pela sua suavidade. Porém, quando se trata de uma peça destinada a promover o sono, podemos omitir esta referência e alcançar este fim de uma maneira mais natural.

3. Ré Maior - É por natureza algo incisiva e obstinada, muito apropriada para coisas alegres, belicosas e estimulantes. Sem dúvida, ninguém negará que esta tonalidade dura também pode dar motivo muito gracioso e estranho.

4. Ré Menor - Quando uma pessoa examina-a bem, perceberá que esta contém algo de devoto, tranqüilo, e ao mesmo tempo algo de grandioso, agradável e conformado. Através dela é possível promover o reconhecimento em obras religiosas e a tranqüilidade de espírito em peça profana. Tudo isto, não impede que não se possa ter êxito ao se compor nesta tonalidade algo prazeroso, porém, não de modo jocoso, mas fluente.

5. Mi Bemol Maior - Tem muito de patético, porém, tem haver com assuntos sérios e lamentosos. Inimigo acirrado de toda sensualidade.

6. Mi Maior - Expressa em forma insuperável uma tristeza desesperada e até mesmo, mortal. É a mais apropriada para temas de amor sem esperança nem consolo, e em certas circunstâncias, tem algo de tão destruidor, atribulado e penetrante que só pode ser comparada com uma fatal separação de corpo e alma.

7. Mi Menor - Dificilmente pode-se lhe atribuir algo alegre. Ainda que muito pensativa,aflita e triste, pode esta ainda oferecer algum consolo. Pode-se compor algo rápido nela, porém, aquele nem assim será alegre.

8. Fá Maior - É capaz de expressar os mais harmoniosos sentimentos do mundo, ou seja: generosidade, constância, amor e tudo mais que se refira às virtudes, e tudo isto de um modo tão natural e com tal incomparável facilidade, que não se necessita nenhum esforço para percebê-la. Acima de tudo, o caráter e a sutileza desta tonalidade não se descreverá melhor do que a comparando com uma pessoa gentil..., como dizem os franceses, bonne grâce.

9. Fá Menor - Parece representar de um modo tênue e moderado uma angústia mortal, profunda e pesada, unida a certa desesperação e é extremadamente comovedora. Expressa belamente uma negra e desamparada melancolia, causando no ouvinte, em alguns momentos, uma sensação de espanto ou de estremecimento.

10.Fá Sustenido Menor - Ainda que incite a uma grande aflição, esta é muito mais lânguida e enamorada do que mortal. Ainda mais, esta tonalidade tem algo de abandono e particular.

11.Sol Maior - Contém muito de insinuante e eloqüente. Ademais, é bastante brilhante e apta, tanto para assuntos sérios como alegres.

12.Sol Menor - É talvez a mais bonita tonalidade porque não somente combina a seriedade própria da anterior com uma graça jovial, como também, leva consigo uma extraordinária delicadeza e serenidade, tornando-a flexível e apropriada para lamentos ternos e reconfortantes, tanto ansiosos como prazerosos. Em suma, presta-se igualmente para queixas moderadas, como para uma alegria comedida.

13.Lá Maior - Emociona muito, assim como também brilha, sendo inclinada a paixões lamentosas e tristes, do que a divertimentos. Em geral se presta muito bem no violino.

14.Lá Menor - É por natureza, algo lamentosa, honrosa, também iniciando ao sono, porém, de nenhum modo desagradável. Especialmente apropriada para o cravo e instrumentos em  geral.

15.Si Bemol Maior - É muito entretida e magnífica, contudo, conservando algo de bom grado e modéstia, podendo passar tanto por magnífica como por graciosa.

16.Si Maior - Parece ter uma qualidade antipática, dura e até desagradável, sendo ao mesmo tempo desesperada.

17.Si Menor - De caráter raro (esquisito), desenganado e melancólico, razão pela qual é utilizada poucas vezes.
(Extraídas do livro “A Orquestra Recém Inaugurada” de J. Mattheson.)