Georg Friederich Haendel

Dentre todos os compositores de sua época, Haendel foi o mais cosmopolita. Desde o início de sua carreira musical conheceu, ao mesmo tempo, sucesso como compositor e virtuose de órgão e como grande improvisador. Suas obras eram escritas sempre para ocasiões especiais, para lugares determinados e para um público que conhecia bastante bem. Seu sucesso vem, em parte, do fato de ter escrito suas obras numa linguagem que o público compreendia e de acordo com o nível do ouvinte.
Haendel conhecia a fundo todas as tendências estilísticas de seu tempo. Já com 18 anos, atuava na ópera de Hamburgo como violinista, cravista e compositor. Aos 23 anos de idade viajou para a Itália (de 1706 até 1710) onde trabalhou com os mais importantes compositores italianos aprendendo deles os mais variados estilos. Sentia-se à vontade em todos os terrenos, tornando-se um excelente instrumentista. Sua cultura, elegância de linguagem e seu bom gosto em todos os campos artísticos só fizeram aumentar-lhe, ainda mais, a habilidade inata de tocar, exatamente, a sensibilidade do público. Haendel era considerado, já no seu tempo, uma personalidade internacional no mundo da música. Ele foi um, entre raros compositores pré-clássicos, que conseguiu algo para si, tanto do ponto de vista social quanto financeiro.
Na Inglaterra, Haendel desenvolveu algo como um estilo tipicamente “haendeliano”. A música de Bach parece sensivelmente mais elaborada, suas vozes intermediárias são antes de tudo bem mais densas e participam de maneira mais independente no desenvolvimento musical do que as vozes intermediárias de Haendel, que podem ser consideradas como vozes de recheio harmônico, mas por outro lado, encontram-se na música de Haendel, grandes ligaduras melódicas nas vozes superiores. Todas as vozes nas partituras “bachianas” estão elaboradas mais detalhadamente e todos os ornamentos, ali, se acham escritos, não havendo espaço para improvisação e já na música de Haendel, ao contrário, a grande linha tem primazia sobre o detalhe que, frequentemente, está apenas sugerido; uma grande parte é deixada ao intérprete, tal como os ornamentos nas cadências e nos “da capo”. Haendel dá maior prioridade à melodia, em contraposição à extrema elaboração das vozes em Bach.
Essa feitura relativamente simples de suas obras, a predominância da melodia, a função de acompanhamento das vozes intermediárias, são características já apontando para o classicismo.
A vida musical inglesa na época de Haendel era sensivelmente mais liberal que a do continente, ou seja, seu público de ópera e oratório era realmente o povo.
Os “Concerti grossi” de Haendel e seus concertos para órgão foram concebidos antes de tudo como interlúdios, aberturas e música de entreato para seus oratórios, cantatas e óperas.
Os “Concerti grossi” op.3 de Haendel são conhecidos como "concertos de oboé". Durante o século XIX foram assim designados para que se pudesse distingui-los dos Concerti grossi op.6, considerados como "concertos para cordas" .
A “sonata a tre”, ou “trio sonata”, em Haendel, está intimamente ligada ao concerto grosso: o concertino, o grupo solista do concerto grosso, tanto em Corelli (o inventor do concerto grosso) como em Haendel, é formado por dois violinos ou dois instrumentos de sopro no caso de concerto para instrumentos de sopro, e contínuo. Os concerti grossi são, portanto, uma modalidade ampliada dos “trios sonatas” concertantes. O “trio sonata” é a forma mais característica da música de câmara barroca, e sua época dourada vai do século XVII até meados do século XVIII.
Para várias gerações, de Corelli até Haendel e até um pouco mais, concerto grosso significou, não só um determinado gênero de música instrumental como também o modo de execução correspondente. Tanto a forma quanto as possibilidades práticas de execução foram mantidas