Marin Marais

“Pode-se dizer que Marais elevou a viola ao seu mais alto grau de perfeição”. Desta maneira, se expressou Evrard Tition du Tillet no Parnasse francês em 1732 discorrendo sobre a vida de Marin Marais (1656-1728), compositor e intérprete extremamente dotado que nos deixou o maior acervo de música francesa para Viola da Gamba ! .
Marais estudou viola durante seis meses com o Senhor de Sainte Colombe, provavelmente, um professor de viola dos mais reputados de Paris e estudou, também, composição com Jean-Baptiste Lully, que lhe concedeu o privilégio único de substituí-lo como regente da Orquestra da Ópera. Seus cinco volumes de Peças para Viola publicados entre 1686 e 1725, referem-se, principalmente, à suítes de danças para uma, duas ou três violas com baixo contínuo, misturadas à várias peças de natureza mais representativas. Inspiração poética, melodia finamente elaborada e, acima de tudo, uma sólida elegância, caracteriza seu estilo.
Em 1686, Marin Marais, então com 30 anos de idade, apresentou-se ao exigente público parisiense, através de seu revolucionário “Premier Livre de Pièces” para uma e duas violas, não mais como um jovem talento, mas como um eminente e reconhecido artista de sucesso. Em razão de suas características grandiosas (a parte de viola solo preencheu, ela sozinha, 150 páginas), do cuidado meticuloso das indicações relativas à execução (ornamentos, golpes do arco, dedilhados, etc.), da perfeição estética da gravura realizada por M. Bonneüil (gravador de Paris), porém, sobretudo, a profundidade da expressão de linguagem musical pessoal de Marais, que exprime perfeitamente tanto os dramas quanto as emoções mais sublimes, esse magnífico volume reduziu à pálidas sombras, todas as composições de seus contemporâneos. Ele estabeleceu um modelo que não viria, jamais, a ser igualado nem posto em discussão nos tempos vindouros. As elegantes composições de um Du Buisson, ao qual não se pode negar o papel eminente no desenvolvimento da Suite Francesa, careceriam da inspiração sem a qual estas obras seriam no máximo divertimentos agradáveis, mas, insignificantes.
Em 1685 um pretensioso contemporâneo da Marais, o Sr De Machy publicou um conteúdo de uma debilidade lamentável, apesar do fato de seu longo prefácio conter, verdadeiramente, informações importantes sobre a prática instrumental da época e, em particular, sobre a da viola. Mesmo os “Concertos para duas violas” de seu mestre, Sainte Colombe, em certos trechos impregnados de uma pitada de poesia, revelavam graves erros, geralmente, cometido em composição, além de parecerem empalidecidos ao lado das melodias delicadamente esculpidas e da grandeza dos baixos de seu excepcional aluno.
A cristalização da arte poética de Marin Marais encontrou seu manancial na arte de sublime expressividade das composições para cravo de Louis Couperin, verdadeiramente, o melhor de sua época. Marais havia sido descoberto, graças a um nobre parisiense que, ouvindo esse menino de 10 anos cantar acompanhando-se na viola da gamba, patrocinou seus estudos na capital. Ele encontrou, também, outro manancial na expressão teatral, altamente cultivada, de Molière e Racine, bem como na linguagem musical da tragédia lírica, ápice de perfeição forjada pelo “Comissaire Général” da música francesa, Jean Baptiste Lully, sua origem, sua “Fonte de Pegasus,” aquele que, de alguma forma, foi o responsável pela sua grandiosidade.
Marais teve impressos, cinco “Livres de Pièces de Viole”: em 1686, 1701, 1711, 1717 e 1725.
Fontes : orpheon.org
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