Heitor Villa-Lobos

      HEITOR VILLA-LOBOS
                   (05.03.1887//17.11.1959- Rio de Janeiro)



Grande compositor e poeta modernista, maestro, possuía uma rara  habilidade artística de traduzir a natureza e o meio ambiente em belas imagens, que ele transformava na forma artística musical. Imagens muitas vezes trazidas de suas vivências, através de viagens pelo Brasil, de impressões e contatos com índios e mestiços, do norte e interior do Brasil.

                    Villa-Lobos nasceu no ano da Abolição da Escravatura no Brasil. Ele utilizou  impressões como objetivo de inspiração, como nas danças africanas, importadas pelos negros.  Foi um compositor que se preocupou em registrar e arranjar a canção folclórica brasileira, na sua fase neo-primitivista. Ele usou ,em suas orquestrações ,instrumentos indígenas, outras vezes criou efeitos, como canto de pássaros e gritos de índios.
                   Villa-Lobos ficou mais conhecido pela sua obra para violão e canto, é o compositor das Bachianas e Choros, que deram volta ao mundo. Ele escreveu mais de mil peças, entre óperas, concertos para piano, para violoncelo, para violão, para cordas, quintetos instrumentais para flauta, violino, viola, violoncelo e harpa, canto e piano, fagote e piano, duos para oboé e fagote, poemas sinfônicos, etc. Seu catálogo é mais vasto do que qualquer outro compositor contemporâneo.
                    Em palestra no ano de 1951 em João Pessoa, Villa-Lobos ,com suas palavras, chamou atenção da música no Brasil. Aqui um rápido resumo:
“O Brasil tem uma forma geográfica de um coração. Todo brasileiro tem este coração. Os pássaros conversam pela música, eles tem coração. O coração é o metrônomo da vida e há muita gente que se esqueceu disso. Se houvesse alguém no mundo que pudesse colocar um metrônomo no cimo da Terra, talvez estivéssemos mais próximos da Paz. Foi fadado por Deus, justamente o Brasil possuir uma forma geométrica de coração e haver um ritmo palpitante em toda a sua raça, sobretudo no nordeste, este sentido de ritmo, de coração, essa unidade de movimento, esse metrônomo tão sensível. Foi com esse pensamento que eu me tornei músico. Cada homem que eu encontro no Brasil representa uma forma estética na concepção musical. Cada pássaro que acode o meu ouvido é um tema, onde se junta a outros temas invisíveis, imperceptíveis e abstratos, para tornar na forma física, em forma sonora, em forma de música.
Que importa que haja duas espécies de música: a música da manifestação espontânea (a música popular) e a música de alma elevada, de alma intelectual (a música da arte).
O folclore é o intermediário desses dois elementos: é a ciência da pesquisa, é o traço de união de que se utiliza o criador para, tirando do povo essa música, essa arte espontânea, burilar no seu coração, na sua alma e trazer outra vez para o povo.”

                    Quando Heitor tinha 6 anos, sua família mudou-se do Rio para Minas. É aí que ele começa a conhecer os tipos de raça e os caboclos, ouvindo a violinha sertaneja e os cantos desafinados e tristes. Mais tarde de volta ao Rio, ouvia sua tia tocar no piano o “Cravo bem temperado”, de Bach e imaginava se não havia algo semelhante entre aquela música e a suavidade do folclore da viola sertaneja. E ainda nesta época começou a estudar violoncelo, com forte interesse pelo piano e também a dedilhar o violão, seu instrumento popular favorito.
                   Aos 12 anos compôs sua primeira cançoneta para piano e canto, quando também começou a estudar clarinete, instrumento do seu pai, que faleceu nesta época. E aos 16 anos ele se reunia com Quincas Laranjeiras, líder seresteiro, para tocar choros no famoso salão Cavaquinho de Ouro: composições de Ernesto Nazaré, Catulo da Paixão Cearense,Viriato e outros.
                   Aos 18 anos começou as suas viagens pelo Brasil e no período de 18 a 24 conheceu de perto o folclore. As suas 2 obras de maior valor desta época são a Suíte Popular Brasileira (1908-1912) e Trio n.1 para piano, violino e violoncelo. Executava suítes para violoncelo de Bach, onde ele sentia uma atmosfera de modinha, em especial n.2, para flauta e cordas.
                  O ano de 1915 foi um ano especial para Heitor: sua primeira apresentação oficial no Rio de Janeiro e também o Maestro Francisco Braga regeu sua “Suíte Característica” para cordas.
                  Em 1918 no Cinema mudo do Odeon do Rio, foi contratado para tocar durante os espetáculos.  Nesta época Arthur Rubinstein de passagem pela América do Sul, ouviu suas “Danças Africanas” (Farrapos, Kankukus e Kankikis) e ficou impressionado. À partir surgiu um forte laço de amizade, que exerceu influência para a reputação do Villa.E na Semana da Arte Moderna em São Paulo (11 a 18.02.1922), poetas, escritores e artistas famosos promoveram este movimento, para mostrar ao público obras libertas de formas tradicionais. Porém o público não estava preparado para recebê-lo. E é em 1924 em Paris que ele abriu as suas portas para o sucesso.
                   Em 1944 fez sua primeira viagem aos EUA, com 57 anos, mostrando ao mundo que era uma grande figura da música contemporânea. Mas em 1948 recebeu pela primeira vez um diagnóstico de câncer. Continuou a compor e a se apresentar pelo mundo e em 1952 viajou para Israel, onde conduziu a Filarmônica e se inspirou para compor o poema sinfônico “Odisséia de uma Raça”.
                  Villa compôs por encomenda do Vaticano, Papa Pio XII, um “Magnificat-Aleluia” e música para filme da Metro-Goldwyn-Mayer. Até janeiro de 1959, ano de sua morte, ainda integrou o Júri do Concurso Internacional “Pablo Casals”, no México e ainda agendou concertos na Europa até julho, quando piorou o seu estado de saúde.Mas ainda este ano ele compôs o Concerto Grosso, para orquestra de sopros e duas Aves Marias. Iniciou o Quarteto n. 18, trabalhou no Concerto n. 7 para violoncelos e orquestra e projetou uma nova ópera “O Ameríndio”.
                 Importante também registrar que Villa-Lobos trabalhou intensamente na educação musical, usou o folclore para fins educativos e promoveu gigantescas audições públicas, inclusive com a prática do canto orfeônico. 
                   Alguns historiadores o denominaram “Strawinsky do samba”. Mas podemos distinguir 3 tendências no seu estilo folclórico: o indianismo, com a utilização de melodias indígenas; o africanismo, a música brasileira de origem africana, a polirritmia e a percussão; e as composições de música de salão até as canções infantis, choros e modinhas. A sua coleção de 16 Cirandas (1926) foi o primeiro grande impacto fora do Brasil.
Referências :
Museu Villa Lobos
Músicas - Vídeo!

artigo enviado por Francisca Cavalcante 


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