Richard Strauss - 1864-1949
Figura dominante da música entre o final do período romântico e inicio do período moderno, Strauss foi aluno de Hans von Bulöw, célebre regente da Orquestra de Meiningen, tornando-se, em 1885, seu assistente nessa orquestra e, mais tarde, em 1895, substitui Bulöw, como regente titular da Orquestra Filarmônica de Berlim. Desempenhou, também, funções de diretor da Ópera de Munique, de Weimar (1886), de Berlim (1889) e de Viena, tendo, também, a oportunidade de reger a maioria das grandes orquestras mundiais durante suas numerosas turnês.
No início da carreira, sua obra foi marcada pela tradição clássica (influência de seu pai, Franz Strauss, afamado trompista da ópera de Munique), mas, após sua ida para Berlim, suas concepções musicais sofrem uma reviravolta, em parte, por influência de Alexander Ritter, companheiro de estudos de Bulöw, tendo, então, abandonado a sua tendência conservadora e aderido às normas estéticas da Nova Escola Alemã.
Escreveu obras para piano, música de câmara e obras corais além de cerca de 150 Lieder. Canções como “Allerseelen” (1883), “Stundchen” (1887) e “Traum durch die Dammerung” (1895) demonstram que Strauss foi um mestre do Lied oitocentista. Seus poemas sinfônicos foram escritos, na maioria, antes de 1900, enquanto todas suas óperas, com exceção de uma, foram posteriores a 1900.
Poemas sinfônicos:
– “D. Juan” (op. 20 - 1889), sobre um poema de Nikolaus Lenau;
– “Macbeth”, (op. 23 – 1886 e com uma revisão em 1891);
– "Tod und Verklärung" (Morte e Transfiguração, op. 24 - 1889);
– "Till Eulenspiegel Lustige Streiche" (As Alegres Aventuras de Till Eulenspiegel, op. 28 - 1895);
– "Also sprach Zarathustra" (Assim falou Zaratustra, op. 30 - 1896);
– "Don Quixote” (op. 35 - 1897);
– "Ein Heldenleben" (A Vida de um Herói, op. 40 - 1898, autobiográfico).
Entre as restantes obras orquestrais, as mais importantes são: a fantasia sinfônica "Aus Italien" (Da Itália - 1896), uma série de esboços musicais análogos aos da Sinfonia Italiana de Mendelssohn, mas, numa linguagem revolucionária, própria de Strauss; a “Sinfonia Doméstica" (1903, também, autobiográfica); "Alpensymphonie" (Sinfonia dos Alpes, 1915).
Óperas:
Escrita em 1893, "Gantrum" foi uma ópera de Strauss que não teve êxito e em 1901 com "Feuersnot", apenas um êxito moderado, sem continuidade. Foi só em 1905 com "Salomé" que adquiriu fama como compositor de ópera e, a partir desta data, o seu poder de descrição e caracterização antes canalizado para os poemas sinfônicos passam a ser utilizados exclusivamente na ópera. A partir de "Gantrum", Strauss já tinha renunciado a todo e qualquer desejo de fazer da ópera um instrumento de propaganda de doutrinas filosóficas ou religiosas. "Feuersnot" é uma mistura de lenda medieval, paródia, farsa e sátira, com uma mistura correspondente em estilos musicais. "Salomé" foi composta sobre a peça em um ato de Oscar Wilde, na tradução alemã. "Elektra" (1909) inaugura a colaboração entre Strauss e o dramaturgo vienense Hugo von Hofmannsthal (1874-1929). “Salomé” e “Elektra” escandalizaram o público de 1900. Salomé principalmente pelo tema macabro da peça e “Elektra” pela música, quando o público de 1900 continuava a esperar que os acordes se resolvessem na técnica, coisa essa que, raramente, acontece em Strauss. As dissonâncias, então consideradas terríveis, hoje parecem perfeitamente normais.
"Der Rosenkavalier" (O Cavaleiro da Rosa, 1911) sobre um libreto em três atos de von Hofmannsthal, leva-nos ao ambiente aristocrático da Viena setecentista. É a obra prima de Strauss no campo da ópera.
"Ariadne auf Naxos" (Ariadne em Naxos - 1912), originalmente, escrita como um tipo de intermezzo num espetáculo teatral de tradução abreviada de “Le Bourgeois Gentilhomme” de Molière. Numa versão revista em 1916, aparece como uma obra independente, a meio caminho de uma ópera bufa e drama mitológico.
Nas óperas seguintes, Strauss não parece ter sofrido influências das correntes progressistas de seu tempo. Destacam-se a ópera cômica "Intermezzo" (1924), onde Strauss explora a técnica de tratar quase todo o diálogo em recitativo falado, sobre um acompanhamento rápido de uma orquestra de câmara e a comédia lírica "Arabella" (1933), última das sete óperas sobre libretos de von Hofmannsthal.
"Metamorphoses" (1945), para vinte e três instrumentos de cordas solistas, é um exemplo das tendências neoclássicas que se evidenciam nas últimas obras de Strauss.